Em 1999 um terapeuta ocupacional integrou oficialmente a equipe de interconsulta psiquiátrica que passou a ser chamada, logo mais, de Serviço de Interconsulta em Saúde Mental (SISMen), para demonstrar seu caráter interdisciplinar.
Para que o paciente internado tenha acesso a interconsulta do terapeuta ocupacional é necessário que outro profissional faça um Pedido de Interconsulta. A partir daí o terapeuta ocupacional irá fazer um Diagnostico Situacional, que consiste em levantar o histórico desse paciente e de sua história hospitalar, e também como ele está lidando com o seu cotidiano hospitalar. O primeiro dado colhido para o Diagnostico Situacional é o Pedido de Interconsulta, porque através dele o terapeuta ocupacional poderá saber qual profissional fez o pedido de interconsulta e qual o motivo do pedido. O terapeuta ocupacional, após receber o Pedido de interconsulta, vai avaliar se o pedido feito pelo solicitante é realmente adequado, realizando encontros com o paciente. Não é todo paciente internado que precisa de um atendimento com um terapeuta ocupacional, mas sim aqueles que tem dificuldades de lidar com a rotina hospitalar, não entendem e/ou aderem o tratamento e aqueles que tem planos/metas interrompidos. Todo terapeuta ocupacional leva em consideração que a internação e a rotina hospitalar tolhem a individualidade do sujeito e restringem sua tomada de decisão, porém também reconhece a importância das regras e rotinas mantidas para o melhor funcionamento da internação. Por este motivo o terapeuta ocupacional tem como objetivo, segundo Morais: “(i) ampliar os aspectos saudáveis; (ii) diminuir ruptura e desorganização da vida cotidiana; (iii) auxiliar no processo de desospitalização e reinserção do indivíduo; (iv) discutir estratégias com a equipe solicitante; e (v) orientar o familiar no cuidado com o paciente.” A interconsulta vem com intuito de ajudar no processo de hospitalização do sujeito e também de como a equipe lida com esse sujeito durante sua internação. O terapeuta ocupacional articula com a equipe para que a internação do paciente seja menos traumática na quebra de sua rotina e na pausa que o sujeito tem que fazer, em dar continuidade a sua vida e realização de seus planos \metas sonhos, para cuidar da sua saúde. O terapeuta ocupacional pode resgatar algumas atividades e fazer com que essa quebra no cotidiano seja de mais fácil aceitação para o paciente, ajudando-o a compreender seu processo de adoecimento e também de tratamento, para que o paciente tenha maior adesão ao tratamento. O terapeuta ocupacional também trabalha na relação que a equipe tem com o sujeito, promovendo uma melhor interação entre eles para que a estadia dele na hospitalização seja da melhor forma possível. Muitas vezes o paciente não se adequa a rotina hospitalar, ou tem dificuldade de compreender a necessidade do cumprimento de horários e o terapeuta ocupacional pode trabalhar essa rotina com o sujeito juntamente com a equipe, de forma que melhore a relação da equipe com o sujeito e também que o sujeito se sinta ator participativo da seu processo de saúde.
Referências: Gomes, Maria Gabriela J. P. Barboza, A interconsulta de Terapia Ocupacional no Hospital Geral: Um convite feito há mais de 10 anos; revista ceto - ano 12 - nº 12 - 2010