segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Interconsulta de Terapia Ocupacional como Recurso de Intervenção




Em 1999 um terapeuta ocupacional integrou oficialmente a equipe de interconsulta psiquiátrica que passou a ser chamada, logo mais, de Serviço de Interconsulta em Saúde Mental (SISMen), para demonstrar seu caráter interdisciplinar.
Para que o paciente internado tenha acesso a interconsulta do terapeuta ocupacional é necessário que outro profissional faça um Pedido de Interconsulta. A partir daí o terapeuta ocupacional irá fazer um Diagnostico Situacional, que consiste em levantar o histórico desse paciente e de sua história hospitalar, e também como ele está lidando com o seu cotidiano hospitalar. O primeiro dado colhido para o Diagnostico Situacional é o Pedido de Interconsulta, porque através dele o terapeuta ocupacional poderá saber qual profissional fez o pedido de interconsulta e qual o motivo do pedido. O terapeuta ocupacional, após receber o Pedido de interconsulta, vai avaliar se o pedido feito pelo solicitante é realmente adequado, realizando encontros com o paciente. Não é todo paciente internado que precisa de um atendimento com um terapeuta ocupacional, mas sim aqueles que tem dificuldades de lidar com a rotina hospitalar, não entendem e/ou aderem o tratamento e aqueles que tem planos/metas interrompidos. Todo terapeuta ocupacional leva em consideração que a internação e a rotina hospitalar tolhem a individualidade do sujeito e restringem sua tomada de decisão, porém também reconhece a importância das regras e rotinas mantidas para o melhor funcionamento da internação. Por este motivo o terapeuta ocupacional tem como objetivo, segundo Morais: “(i) ampliar os aspectos saudáveis; (ii) diminuir ruptura e desorganização da vida cotidiana; (iii) auxiliar no processo de desospitalização e reinserção do indivíduo; (iv) discutir estratégias com a equipe solicitante; e (v) orientar o familiar no cuidado com o paciente.” A interconsulta vem com intuito de ajudar no processo de hospitalização do sujeito e também de como a equipe lida com esse sujeito durante sua internação. O terapeuta ocupacional articula com a equipe para que a internação do paciente seja menos traumática na quebra de sua rotina e na pausa que o sujeito tem que fazer, em dar continuidade a sua vida e realização de seus planos \metas sonhos, para cuidar da sua saúde. O terapeuta ocupacional pode resgatar algumas atividades e fazer com que essa quebra no cotidiano seja de mais fácil aceitação para o paciente, ajudando-o a compreender seu processo de adoecimento e também de tratamento, para que o paciente tenha maior adesão ao tratamento. O terapeuta ocupacional também trabalha na relação que a equipe tem com o sujeito, promovendo uma melhor interação entre eles para que a estadia dele na hospitalização seja da melhor forma possível. Muitas vezes o paciente não se adequa a rotina hospitalar, ou tem dificuldade de compreender a necessidade do cumprimento de horários e o terapeuta ocupacional pode trabalhar essa rotina com o sujeito juntamente com a equipe, de forma que melhore a relação da equipe com o sujeito e também que o sujeito se sinta ator participativo da seu processo de saúde.


Referências: Gomes, Maria Gabriela J. P. Barboza, A interconsulta de Terapia Ocupacional no Hospital Geral: Um convite feito há mais de 10 anos; revista ceto - ano 12 - nº 12 - 2010

Intervenção da Terapia Ocupacional em condições criticas de vida e pacientes agudos



Segundo a portaria número 2.338 de 2011 o paciente crítico/grave é aquele que se encontra em risco iminente de perder a vida ou função de órgão/sistema do corpo humano, bem como aquele em frágil condição clínica decorrente de trauma ou outras condições relacionadas a processos que requeiram cuidado imediato clínico, cirúrgico, gineco-obstétrico ou em saúde mental.

É bom lembrar que a terapia ocupacional tem um papel muito importante na atenção de alta complexidade em pacientes agudos e críticos.
A uma série de fatores que tornam, tanto para o paciente quanto para a família, esse um momento de fragilidade tanto física quanto emocional, além de terem que lidar com a doença em si estão expostos a inúmeros fatores que tornam esse momento muito mais difícil como: inúmeros equipamentos, tanto os que estão no paciente quanto os que estão no ambiente hospitalar, trazem desconforto ao paciente e aos familiares também, muitas vezes por não entender a necessidade ou função do aparelho o que pode causar insegurança em relação ao estado de saúde do seu familiar, por isso é sempre importante que os familiares sejam bem informados pela equipe e estejam disponíveis tirar possíveis dúvidas; estímulo sonoro e luminoso constate além da presença da equipe que pode interferir no sono e também na privacidade do paciente. Isso pode causar ainda mais estresse, pois o ambiente de internação é movimento e barulhento por conta dos aparelhos. Também seria um ponto importante pensar na modificação do ambiente para melhor assistir esse paciente; falta de intimidade/ individualidade, é um grande problema na internação e um grande foco, também, para a intervenção de terapia ocupacional; o fato de lidar com a possibilidade de morte também é um fator estressante tanto para o paciente, quanto para o familiar levando-os a sentir angústia, medo e incerteza; etc.
Como podemos notar a terapia ocupacional é de extrema importância na equipe que cuida de pacientes em condições criticas de vida e pacientes agudos. As intervenções da terapia ocupacional podem ser desde olhar o ambiente em que o paciente se encontra, podendo pensar em modificações, como também assistir os familiares que são parte importante nesse processo para o paciente. A terapia ocupacional também é uma grande interlocutora entre equipe-paciente-família, tornando a comunicação mais clara entre eles.
Também é importante pensar nos próprios profissionais da equipe que também passam por fatores estressantes como desentendimento entre si, lidar com a morte ou piora do paciente, lidar com familiares, lidar com pacientes, lidar com a falta de recursos, etc... o terapeuta ocupacional também pode intervir na relação entre a equipe para que haja um ambiente de trabalho mais satisfatório cuidando das relações da equipe, e fazendo com que a equipe possa arrumar meios criativos para lidar com as adversidades do ambiente e da falta de recursos. 
Referências: Brasil, PORTARIA No 2.338, DE 3 DE OUTUBRO DE 2011.
O processo de humanização do ambiente hospitalar centrado no trabalhadorBackes DS, Lunardi Filho WD, Lunardi VL. Rev Esc Enferm USP 2006; 40(2):221-7.
GALHEIGO, S. M. Terapia ocupacional, a produção do cuidado. Rev. Ter. Ocup. Univ. São Paulo, v.19, n. 1, p. 20-28, jan./abr. 2008.

Interverção da Terapia Ocupacional nas Doenças Crônico-Incapacitantes no Contexto Hospitalar.




As doenças crônicas são definidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como: "Doenças que têm uma ou mais das seguintes características: são permanentes, produzem incapacidade/deficiências residuais, são causadas por alterações patológicas irreversíveis, exigem uma formação especial do doente para a reabilitação, ou podem exigir longos períodos de supervisão, observação ou cuidados."
As principais doenças crônico-incapacitantes, segundo a OMS, são:
Diabetes
Doenças Pulmonares
Doenças Cardiovasculares
Câncer 
É importante que existam politicas de saúde para que se previna essas doenças, por meio de estrategias de saúde na atenção básica, sabendo-se que os fatores de risco das doenças crônicas são:
Tabaco
Álcool
Má alimentação
Sedentarismo 
Além dessas doenças crônicas existem outras como: Doenças mentais; doenças neurológicas; doenças renais e doenças autoimunes. 

Na intervenção em terapia ocupacional pensamos primeiramente na Atenção Básica, como foi dito, para a prevenção das doenças crônicas. 
Porém se o individuo já está com a doença a segunda medida é pensar na prevenção do agravo, no paciente que tem a doença mas onde os sintomas ainda não são aparentes. Como por exemplo incentivar caminhadas e exercícios físicos para pessoas que tenham tido alguma doença cardiovascular. 
No caso de já haver a doença onde os sintomas já estejam aparentes, pensasse na forma de prevenir as morbidades que podem decorrer dessas doenças. Por exemplo, uma pessoa que tenha diabetes e esteja tendo perda de sensibilidade nas extremidades é importante criar estratégias, como o uso de meias grossas para evitar que cortem os pés e os dedos, já que sabemos que a cicatrização é lenta e difícil, podendo causar a amputação de um membro se a ferida se agravar. 
Para pacientes em estado mais grave tanta-se prevenir o óbito e iniciasse os cuidados paliativos. O conceito de cuidados paliativos foi criado pelo OMS em 1990 e sua definição consiste: "na assistência promovida por uma equipe multidisciplinar, que objetiva a melhoria da qualidade de vida do paciente e seus familiares, diante de uma doença que ameace a vida, por meio da prevenção e alívio do sofrimento, da identificação precoce, avaliação impecável e tratamento de dor e demais sintomas físicos, sociais, psicológicos e espirituais"

A Terapia Ocupacional tem grande importância e relevância no cuidado de pessoas com doenças crônico-incapacitantes, já que esse profissional tem um olhar singular para o sujeito e tem como um de seus objetivos promover qualidade de vida e independência. Por isso seu olhar se estende, não só pensando em promover o cuidado dentro do contexto hospitalar, mas pensando para além dele, após a alta do paciente. O terapeuta ocupacional pensa como trabalhar o processo de saúde-doença levando em consideração as particularidades do sujeito, seu contexto social e familiar, seus papéis ocupacionais, suas expectativas e planos para além do adoecimento, fazendo com que o paciente possa entender mais o seu processo de adoecimento e tornando-o parte do seu processo de melhora e estabilização. Isso faz com que o sujeito se sinta agente participante e principal mantenedor da estabilização do seu quadro e diminuição do agravamento da doença. 





Referências: